"Tenha coragem de vencer os desafios e prosseguir a sua caminhada. Felicidade não cai do céu como chuva. Ela sempre será conquistada, e, afinal, você não é diferente dos outros. Todo o mundo só conquista a felicidade através de muita dedicação, trabalho e amor. Isolar-se por rebeldia não o levará a nada. Permita-se inovar; entregue-se à vidaa e vibre em sintonia com aqueles que o amam. Dê uma chance a si mesmo".
(CHICO CHAVIER)


quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A democracia agredida

por Paulo Brossard (Jurista)

Eu era estudante em 1945 e participei da campanha pela redemocratização do país e votei na eleição de 2 de dezembro daquele ano para presidente da República e para a constituinte que elaboraria a Constituição de 18 de setembro de 1946. Encerrava-se o longo e triste ciclo do Estado Novo, durante o qual houve de tudo, a começar pela destruição dos valores democráticos e pelo endeusamento do ditador, à semelhança do que se fizera nos países totalitários da Europa. E continuei a participar de campanhas e eleições até ser nomeado para o Ministério da Justiça e, posteriormente, para o Supremo Tribunal Federal. Sempre entendi que o ministro da Justiça não deveria ser parte da campanha, mais do que qualquer outro não podendo ser, ao mesmo tempo, autoridade e ator, pois a ele competiria a adoção de medidas que se fizessem necessárias no período eleitoral. Digo isto para salientar que em mais de 40 anos fui testemunha de muito “excesso” e “abuso”, mas nunca tinha visto o que passei a ver e continuo a assistir dia a dia se agravando. E isto é tanto mais significativo quando em quase todos os sentidos o país tem progredido e em muitos deles o progresso chega a ser notável; no que tange à instrumentalidade eleitoral, por exemplo, é quase inacreditável o aperfeiçoamento, mas no momento em que o chefe do Estado se despe da faixa presidencial e assume a chefia real e formal da campanha de um candidato e em cerimônia oficial insulta o candidato, por sinal, da oposição, chamando-o de mentiroso, ele se despe da magistratura presidencial, inerente à Presidência, e ingressa no mundo da ilicitude, que, para um presidente, é a mais grave das infrações às suas indisponíveis responsabilidades.
De resto, isto é a porta aberta para a consumação de todas as truculências verbais e físicas. É preciso não esquecer que a violência é doença contagiosa, e com a publicidade que o governo dispõe ele pode incendiar o país. O presidente quer ganhar a eleição a qualquer custo e pode ganhar, mas a sua eleita pode não governar. Já vi coisa parecida e não terminou bem. O presidente alinhou o Brasil na maçaroca do coronel Chávez. A partir de agora alguém pode sair às ruas portando um cartaz, seja do que e de quem for, sem correr o risco de ser agredido pela guarda de choque do presidente. Foi assim na Itália fascista e na Alemanha nazista. O que aconteceu ontem instantaneamente ganhou uma versão cor-de-rosa na publicidade do governo. O agredido de ontem não foi o cidadão apontado de “mentiroso” pelo presidente da República, foi cada um de nós, foram as instituições democráticas. Para começar um incêndio basta um fósforo, para extingui-lo pode custar o incalculável.
Não preciso dizer que estou profundamente impressionado com o rumo que o presidente está dando à sua incursão empreendida na orla da horda, ele fez um pacto com a fortuna, do qual o imprevisto é sempre possível.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Nossas vidas depois da internet

A internet que nos favorece também é aquela que nos aprisiona. Se por um lado o avanço tecnológico trouxe uma melhoria na qualidade de vida, por outro lado gerou vício e dependência desenfreada para a vida moderna. Com a internet temos acesso aos jornais do mundo inteiro, conversamos com pessoas geograficamente distantes, temos controle do conteúdo informativo que nossos filhos observam. Seria impossível pensar nessas situações anos atrás. A vida se tornou mais fácil: donas de casa fazem compras sem sair de casa, investidores compram ações com a rapidez de um clique e temos acesso por sites de busca a assuntos específicos em questão de segundos. Antigamente seria necessário uma tarde na biblioteca para se chegar à um décimo da informação que recebemos em minutos.
A vida contemporânea exige isso. Tudo é instantâneo, urgente. Desenvolvemos ferramentas que comportem o nosso estilo de vida atual. Uma dessas ferramentas, por que não dizer, a internet. Porém, ao mesmo tempo em que enaltecemos o poder da vida online também ficamos condicionados a ela. Não passamos um dia sem checar nossos e-mails e utilizamos sistemas de conversas eletrônicas para cumprimentar colegas que sentam ao nosso lado no trabalho, por exemplo.
A rapidez da internet também trouxe stress e problemas. A necessidade de novidade constante é doentia. O que é novo fica velho antes mesmo de acontecer. O ritmo de vida intenso trouxe problemas físicos e psicológicos para o ser humano, que precisa se superar a cada instante, seja na vida pessoal ou no trabalho.
É preciso analisar os prós e os contras da situação com cuidado. Aproveitar o que a internet trouxe de benefícios, mas sem perder o lado humano, o sentido existencial que permanece em nós. É importante ter um convívio social positivo e manter laços de afetividade para uma vida mais satisfatória. Não podemos restringir a vida moderna e a internet ao lado mecânico da vida.
O ideal é harmonizar condições. Saber utilizar a internet como veículo de informação, aproveitar os benefícios que ela gera e dosar com noções básicas de convivência para uma vida social mais satisfatória. Pense nisso!